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Filme com Stallone patina em ideias e propostas vazias, deixando Stallone desamparado como um personagem sem carisma

‘Blindado’ com Stallone como vilão, deixa a monotonia tomar conta da ação

Filme com Stallone patina em ideias e propostas vazias, deixando Stallone desamparado como um personagem sem carismaw

Dirigido por Justin Routt, o longa Blindado com Stallone começa com uma ideia boa: pai e filho (Jason Patric e Josh Wiggins) são guardas de um carro-forte e acabam vítimas de uma emboscada.

Os ladrões, liderados por Rook (Sylvester Stallone), querem algo que está, claro, dentro do veículo. É aí que começa o embate, que remete ao subestimado filme Corações de Ferro (2014): troque o cenário da Segunda Guerra por um subúrbio americano e voilà, temos Blindado.

Esse cenário limitado do carro-forte, que os bandidos precisam adentrar, causa uma sensação claustrofóbica interessante. É uma dinâmica simples, mas com apelo. De um lado, os mocinhos não podem sair – há uma impressão bem óbvia de que pai e filho serão mortos assim que colocarem a cabeça pra fora. Do outro, os bandidos precisam dar um jeito de resolver o serviço. É uma premissa que evoca também O Quarto do Pânico (2002), estrelado por Jodie Foster, também marcado por seus espaços pequenos e vilões que tentam acessá-lo. Ou seja: Blindado traz uma ideia boa, mas longe de ser nova.

Sem vontade

Por isso, seria preciso ter algum elemento a mais na equação para fazer com que o longa despertasse algo além daquilo que já é conhecido. E é aí que começam os problemas.

O filme teve várias questões em seus bastidores. Reportagem do jornal Los Angeles Times, publicada em 2024, afirmou que o diretor do filme no papel, Justin Routt, não exerceu de fato a função no set; o diretor, de fato, era Randall Emmett, produtor e cineasta envolvido em uma série de acusações de abuso sexual e moral e de calote contra funcionários e fornecedores de suas produções — incluindo Blindado.

Os bastidores conturbados, certamente, agravaram a situação de um filme de ação já complicado. Complicado, afinal, pois nunca é simples trabalhar com as emoções do espectador, principalmente em um ambiente pequeno, controlado, em que a ação precisa ser dosada na medida certa. Se houver exageros, ela torna-se tosca. Se for muito comedida, torna-se chata.

É justamente este equilíbrio que falta ao cineasta. Em alguns momentos, há tiros e bombas para todos os lados, tornando a ação repetitiva, esvaziada e, acima de tudo, sem sentido. Os bandidos querem fazer um assalto discreto, em um lugar remoto para não chamar a atenção, mas chegam perto de usar uma bazuca contra o carro-forte.

Quando o ritmo da ação diminui, não sobra nada. Conversas, na tentativa de convencer os guardas, são infundadas.

E pior: como já sublinhado acima, o elenco não está interessado. Parece que Stallone saiu rapidamente da casa dele, encontrou os colegas no set, gravou as cenas e foi embora pra descansar em casa. Não há trabalho de desenvolvimento, ideias, nada.

O mesmo acontece com o outro medalhão do cinema de ação no elenco, Jason Patric – o verdadeiro protagonista de Blindado. Parece até haver um pouco mais de interesse do ator com seu personagem, mas não o bastante para mostrar empolgação em tela.

Todos estão em um tom monótono, cansados, e o público, infelizmente, termina contaminado por isso.