Sustentabilidade, rastreabilidade e transparência ganham força no campo e nas roupas produzidas em Mato Grosso
Enquanto o algodão floresce nos campos de Mato Grosso, o estado se destaca por iniciativas que unem rastreabilidade e sustentabilidade, mudando a forma de produzir e consumir moda no Brasil. A nova safra 24/25 já projeta uma produção estadual de 2,67 milhões de toneladas de pluma, segundo o IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
Impulsionado por um clima favorável e chuvas regulares em abril, o estado mantém sua posição de liderança na cotonicultura nacional, representando mais de 70% da produção de algodão no país. No entanto, o que realmente diferencia esse crescimento não é apenas o volume, mas a forma como ele está sendo realizado.
A cerca de 100 km de Cuiabá, uma empresa do setor têxtil tem apostado fortemente em inovação e responsabilidade. Seu principal diferencial? A rastreabilidade total do algodão utilizado em suas peças.
Desde a semente plantada até a camiseta no ponto de venda, cada etapa pode ser acompanhada pelo consumidor.
A rastreabilidade tem reconhecida como uma ferramenta essencial para garantir a origem ética do algodão. Através do programa SouABR, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o processo de produção foi registrado em blockchain. O que assegura que o material cultivado de forma responsável, conforme as legislações trabalhista e ambiental.
Não há espaço para trabalho escravo ou infantil, nem para desmatamento irregular.
O compromisso com a sustentabilidade não se limita à origem da matéria-prima. As peças produzidas possuem QR codes que permitem ao consumidor rastrear cada etapa da cadeia produtiva.
Boas chuvas ajudaram a compensar o atraso
Um simples clique, portanto, revela de qual fazenda veio o algodão, como passou pelo processo e em que condições ocorreu a confecção da peça.
Essa conexão entre o campo e o guarda-roupa ganha cada vez mais força. Especialmente entre consumidores conscientes e empresas que buscam alinhar suas ações à responsabilidade socioambiental. Aliás, o modelo tem se mostrado eficiente: em 2024, a empresa certificou mais de 30 mil peças.
Para o próximo ano, a previsão é ainda mais ambiciosa, ultrapassar a marca das 50 mil unidades.
Conforme o boletim do IMEA divulgado no fim de abril, quase metade das áreas de plantio deste ano ficou fora da janela considerada ideal. Entretanto, as boas chuvas ajudaram a compensar o atraso.
Cenário promissor
A atenção agora se volta para o mês de maio: se o clima continuar colaborando, o estado deve seguir com a expectativa de crescimento. Para os próximos dez anos a projeção foi ousada, com um aumento de mais de 40% na área plantada, alcançando mais de dois milhões de hectares até 2034.
Esse cenário promissor também se alinha à crescente demanda mundial por algodão.
À medida que a população mundial cresce, a busca por matérias-primas sustentáveis se intensifica, colocando o algodão brasileiro, especialmente o mato-grossense, em uma posição estratégica no mercado global.
Em um estado onde o agronegócio é o motor da economia, ver a moda caminhando lado a lado com a sustentabilidade demonstra que é possível produzir em grande escala de maneira responsável. Dessa maneira, visa atender às exigências de um mercado cada vez mais atento às questões socioambientais.