Montadoras da Toyota, General Motors, Volkswagem e Stellantis se opõem a BYD
Uma disputa pelo mercado brasileiro entre as principais montadoras de carros que atuam no país colocou, de um lado, a fabricante chinesa BYD, com presença cada vez maior no Brasil, contra as montadoras Toyota, General Motors, Volkswagem e Stellantis.
Nesta semana, essas montadoras foram representadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Com mais de sete décadas de atuação no Brasil, divulgaram carta enviada, ainda em junho, para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As empresas, no entanto, alegam que investimentos e empregos estariam em risco caso o governo acolha a um pleito da fabricante chinesa para reduzir, temporariamente, a tarifa para importação de carros desmontados de veículos elétricos ou híbridos.
A carta, portanto, destacou que a indústria planeja investir R$ 180 bilhões nos próximos anos.
A fabricante chinesa BYD disse que a posição das montadoras da Anfavea é uma uma reação contra a inovação e a abertura do mercado do Brasil.
Ainda segundo a BYD, o que as concorrentes chamam de prática desleal é apenas concorrência. “Agora, chega uma empresa chinesa que acelera assim a fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam”, completou.
Camex
O Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Camex, ligado ao MDIC, discute nesta quarta-feira (30), em reunião extraordinária, os pleitos das montadoras.
De um lado, as montadoras tradicionais reunidas em torno da Anfavea querem antecipar, de 2028, bem como em 2026. Isto é, a elevação das tarifas de importação para carros elétricos desmontados, o que poderia prejudicar a BYD.
De outro lado, a fabricante chinesa pede a redução temporária do imposto de importação de veículos desmontados alegando que precisam de tempo para nacionalizar a produção.
BYD
Segundo a BYD, a redução temporária de imposto solicitada pela companhia é razoável. Uma vez que não faz sentido aplicar o mesmo nível de tributação sobre veículos 100% prontos trazidos do exterior e sobre veículos que são montados no país.
Fabricação local
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, explicou que o governo reunido na Camex vai discutir possíveis mudanças na fase de transição para a elevação das tarifas de importação de carros elétricos ou híbridos.
Alckmin disse que, em 2023, quando Lula assumiu, a alíquota de importação de veículos prontos do exterior era de 35%. Os veículos elétricos e híbridos era de 0%. Por isso, o governo decidiu fazer uma transição para acabar com a isenção aos poucos. Ou seja, ano a ano, até chegar aos 35% de imposto cobrado dos demais veículos importados.
O ministro disse que uma hipótese que está sendo estudada na Camex é ampliar a cota de isenção para importação. Porque argumenta-se que é preciso de tempo para nacionalizar a produção.
Uma cota que era de 50 mil carros isentos, no primeiro ano, cai para 40 mil no segundo, e 30 mil no terceiro ano. “Você tem um imposto crescente e uma cota decrescente”, explicou.
Segundo ele, a Camex pode decidir uma solução intermediária entre o pleito da BYD e das montadoras da Anfavea.
Fonte: agênciabrasil