Em Rondonópolis, a apresentação do curta “Outro Lugar” acontece no dia 7 e no dia 8
As obras mato-grossenses selecionadas para a etapa regional da VIII Mostra Sesc de Cinema serão exibidas em Cuiabá, no Sesc Arsenal e na unidade de Rondonópolis, entre os dias 6 e 8 de novembro. Integram a programação os documentários “Afetos – A Tela Mágica”, de Aliana Camargo, e “Mopái Pjuta Ãkakje’y – A Roça e os Alimentos Myky”, produzido pelas mulheres cineastas do povo Myky, além do curta “Outro Lugar”, dirigido por Perseu Azul.
No Arsenal, as sessões acontecem nos dias 6 e 8 de novembro, às 19h, com exibição de todas as obras. Em Rondonópolis, o curta “Outro Lugar” será apresentado no dia 7, em duas sessões, às 9h e às 15h, e no dia 8, às 16h30. Sendo assim, todas as sessões são gratuitas e abertas ao público.
A Mostra Sesc de Cinema é considerada uma vitrine para o cinema brasileiro. Dessa forma, amplia o acesso do público a produções de todas as regiões do país e estimulando novas perspectivas e narrativas. O Sesc integra o Sistema Fecomércio-MT, filiado à Confederação Nacional do Comércio (CNC), presidida por José Roberto Tadros.
Imaginário sem fronteiras em “Outro Lugar”
Com “Outro Lugar”, Perseu Azul quis ultrapassar barreiras geográficas, levando as paisagens da Chapada dos Guimarães a públicos infantojuvenis do Brasil inteiro. A ideia surgiu da vontade de transformar registros históricos de fósseis de dinossauros em Chapada em uma história repleta de fantasia, misturando ciência e imaginação.
“O filme nasceu de uma vontade minha de me comunicar com o público infantojuvenil e de levar para esse público uma história da Chapada dos Guimarães. Bem como, universalizar essa história regional, confundindo as fronteiras entre ficção e ciência”, contou Perseu.
O curta traz animações, elementos tecnológicos e desafios narrativos que, de acordo com Perseu, elevaram seu trabalho como roteirista, diretor e produtor. Além disso, a força do elenco local, como a protagonista Morena Flor, uma jovem atriz da própria Chapada, reforça o elo entre comunidade e tela. Perseu faz questão de destacar a importância de exibir histórias que mostram “personagens que representam tanto o nosso lugar, nosso regionalismo”.
Perseu ressalta a importância de mostras como a do Sesc, pois a concretização do cinema nacional. Além de ser um espaço para mostrar a cara e a força de quem produz cinema para vários públicos, com muita qualidade, e vindo de todo Brasil. “Eu gosto de emprestar um termo que é de um outro realizador de Mato Grosso, Amaury Tangará, que é ‘a gente faz cinema brasileiro, não mato-grossense. O nosso cinema é brasileiro, e ser brasileiro é isso. Ou seja, ter vários rostos, ter várias formas de falar, várias comidas, várias paisagens e principalmente várias histórias para contar”, completa.
Reflexões sobre infância e telas em “Afetos – A Tela Mágica”
Resultado de uma pesquisa de doutorado sobre a relação de crianças com a mídia digital, o documentário “Afetos – A Tela Mágica”, de Aliana Camargo, propõe ao público refletir sobre como as telas moldam emoções, comportamentos e percepções do mundo.
“O ‘Afetos’ não é um documentário que fala mal das tecnologias. É um documentário que fala sobre o que constituí a cultura digital, sem dialogar se é boa ou mal, apenas que ela é. É o olhar para essas crianças, para essa relação das crianças com a mídia digital”, explica.
Para Aliana, ter o filme exibido na Mostra é um reconhecimento de anos de dedicação e ressalta a importância de iniciativas como a Mostra Sesc de Cinema para valorizar as produções de dentro do Brasil. “Para mim é uma super janela de exibição. Conheço o sistema de cinema do Sesc, já participei de alguns projetos e de exibições em Cuiabá. Por isso, é uma honra e um privilégio ter essa oportunidade de apresentar um trabalho de uma pesquisa de anos. Com certeza, essa mostra fortalece demais o cinema e as produções locais.”, enfatiza.
Saberes ancestrais em “Mopái Pjuta Ãkakje’y – A Roça e os Alimentos Myky”
Produzido em parceria com mulheres cineastas do povo Myky, o documentário “Mopái Pjuta Ãkakje’y – A Roça e os Alimentos Myky” é uma celebração do vínculo entre comunidade, terra e alimento. Para uma das diretoras, Kantinuwy Myky, é um grande prazer que o filme tenha sido escolhido para a Mostra Sesc de Cinema, e possa ser mostrado em todo o estado.
“Por mais que este filme já tenha circulado em alguns festivais, vai ser muito bom a exibição aqui em Mato Grosso. Isto é, para os não indígenas conhecerem a nossa cultura e que nós, indígenas, produzimos alimentos orgânicos. Nós diretoras ficamos muito felizes por termos feito essa filmagem sobre a nossa história e da nossa cultura, porque o audiovisual é uma forma de garantir a continuidade, a preservação do conhecimento ancestral para as futuras gerações”, enfatiza.
Além de Kantinuwy, compartilharam da direção e roteiro do documentário as cineastas Kojayru Myky, Mãnynu Myky, Njãkyru Myky, Takarauku Myky e Tipuu Myky.
O filme é resultado de um projeto de formação em cinema e audiovisual para mulheres indígenas realizado pela cineasta Jade Rainho. Para ela, a seleção na Mostra Sesc fortalece o coletivo de mulheres que, com câmeras na mão, então, contam suas próprias histórias.


