Mounjaro é nova terapia para apneia obstrutiva do sono
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Mounjaro, medicamento para diabetes tipo 2 e obesidade, para o tratamento de apneia obstrutiva do sono em adultos obesos. Com a aprovação, a caneta se torna a primeira terapia para a condição.
A apneia obstrutiva do sono é uma doença grave caracterizada pela parada da respiração por tempo suficiente para interromper o sono. A maioria das pausas dura entre 10 e 30 segundos durante o sono, mas algumas podem persistir por um minuto ou mais.
De acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), a apneia acontece quando os músculos relaxam durante o sono, causando colapso do tecido mole na parte posterior da garganta e bloqueando as vias aéreas superiores. Os sintomas da apneia incluem o ronco alto, o sono não reparador, fadiga, problemas de concentração, entre outros.
Sobrepeso e a obesidade são fatores de risco
O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para a apneia obstrutiva do sono, de acordo com a AASM. A condição, a longo prazo, pode afetar a progressão de complicações cardiometabólicas como hipertensão, doença coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e diabetes tipo 2.
O tratamento padrão da apneia do sono consiste no uso de suporte mecânico durante o sono, incluindo a terapia com pressão positiva nas vias aéreas (CPAP) para melhorar o índice de apneia-hipopneia (IAH), que mede o número de apneias e hipopneias durante uma hora de sono.
Com a aprovação do Mounjaro para o tratamento da apneia do sono, os pacientes com obesidade passam a ter uma nova opção para abordar a causa da doença, na visão de Luiz André Magno, diretor médico sênior da Lilly, farmacêutica responsável pelo medicamento.
“A aprovação de Mounjaro® para a apneia obstrutiva do sono é um marco transformador para os pacientes, já que se trata de uma condição subdiagnosticada e com opções de tratamento limitadas. Mounjaro® oferece uma nova esperança ao abordar a causa subjacente da doença em pacientes com obesidade. Estamos orgulhosos de trazer essa inovação que pode melhorar significativamente a qualidade de vida e reduzir os riscos cardiometabólicos associados a esta condição”, destaca Magno.
Estudos demonstram a eficácia de Mounjaro para apneia do sono
A aprovação da Anvisa baseia-se nos resultados do estudo clínico de fase 3 SURMOUNT-OSA. Esse estudo demonstrou a eficácia e segurança da tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, em adultos com obesidade e AOS moderada a grave.
Além disso, o estudo envolveu pacientes que não usavam pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) e aqueles que já faziam uso da terapia. O estudo mostrou que o uso de Mounjaro nas doses de 10 mg ou 15 mg foi cerca de cinco vezes mais eficaz que o placebo.
Isso ocorreu na redução das interrupções respiratórias em adultos que não utilizavam terapia com CPAP. Como resultado, houve 27 interrupções respiratórias a menos por hora com a medicação e cinco a menos com o placebo.
Detalhes do Estudo
Além disso, o Mounjaro levou a 30 interrupções respiratórias a menos por hora em comparação com o grupo placebo. Após um ano, 42% dos adultos em uso da medicação e 50% dos adultos com medicação e aparelho CPAP apresentaram remissão ou apneia do sono leve, sem sintomas. Em comparação, nos grupos placebo, os percentuais foram 16% e 14%, respectivamente. Além da melhora nos sintomas, adultos em uso de Mounjaro perderam, em média, 20,4 kg do peso corporal.
Já os adultos em uso de Mounjaro associado a CPAP perderam em média 22,7 kg do peso, enquanto nos grupos placebo a perda foi menor. Nos grupos placebo, a perda média foi de 1,8 kg e 2,7 kg, respectivamente. O SURMOUNT-OSA é um conjunto de estudos que comparou a eficácia e segurança da tirzepatida com placebo.
O estudo envolveu adultos com obesidade e apneia obstrutiva do sono moderada a grave. No estudo 1, os participantes não podiam ou não queriam usar a terapia CPAP. No estudo 2, os participantes já usavam e planejavam continuar usando CPAP durante todo o estudo. Os ensaios randomizados contaram com 469 participantes de vários países.
Os países incluíram EUA, Austrália, Brasil, China, República Tcheca, Alemanha, Japão, México e Taiwan. Os participantes receberam a dose máxima tolerada de tirzepatida — 10 mg ou 15 mg — ou placebo.
O que é Mounjaro?
A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk compõe o Mounjaro com tirzepatida, que é o principal concorrente do Ozempic e do Wegovy. Além disso, essa molécula é agonista duplo de GLP-1 e GIP.
Esses são hormônios gerados no intestino e liberados depois das refeições. Portanto, a tirzepatida atua aumentando a produção de insulina pelo pâncreas, o que ajuda a controlar o açúcar no sangue. Além disso, aumentam a produção de insulina pelo pâncreas para manter controle do açúcar no sangue. O Mounjaro foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil em setembro de 2023 para tratar diabetes tipo 2.
Ademais, em junho deste ano foi aprovado para o tratamento de sobrepeso e obesidade. Por fim, o medicamento deve ser usado associado a mudanças de estilo de vida, como a adoção de uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas.
Fonte: cnn