O partido Liberdade Avança (LLA, em espanhol), sigla do presidente argentino, surpreendeu ao obter mais de 40% dos votos em quase todo o país
O presidente da Argentina, Javier Milei, comemorou hoje a surpreendente vitória do seu partido nas eleições legislativas de meio de mandato no país. O pleito considerado decisivo para Milei, ocorreu em meio ao clima de instabilidade cambial que desafia o programa ultraliberal do argentino, amparado por um resgate financeiro dos Estados Unidos.
O partido Liberdade Avança (LLA, em espanhol), sigla do presidente argentino, surpreendeu ao obter mais de 40% dos votos em quase todo o país.
Milei agradeceu a todos que apoiaram ideias de liberdade para “tornar a Argentina grande novamente”, parafraseando Donald Trump, dos EUA. O presidente argentino definiu o domingo como um dia histórico, informou o La Nación.
Entre os nomes mencionados por Milei nos agradecimentos estava o da irmã dele, Karina, que também é secretária-geral da Presidência. Ele chamou Karina, que é alvo de acusações de corrupção, e Santiago Caputo, seu estrategista político, de dois gigantes.
“Milei, querido, o povo está contigo”, cantavam centenas de apoiadores do presidente em frente ao bunker do LLA em Buenos Aires. “Estou muito animado. Não esperava um número tão alto”, disse à AFP o consultor de marketing Facundo Campos, 38. “Gritei como se fosse o gol do último mundial”, acrescentou.
O resultado traz alívio ao governo argentino. Ainda mais porque o presidente norte-americano, Donald Trump, condicionou seu apoio financeiro à Argentina ao desempenho eleitoral do aliado.
O pleito renovou 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados (quase metade). Além disso, foram eleitos senadores para ocupar 24 dos 72 assentos do Senado, o equivalente a um terço. Eles tomarão posse a partir de 10 de dezembro.
Eleição surpreendente
Às 22h50, com 97,87% de apuração, o Liberdade Avança obteve 40,76% do total de votos e elegeu 64 deputados nacionais. Já o Força Pátria, bloco que representa a maioria da oposição peronista e é de centro-esquerda, conseguiu 24,31% dos votos e ficou com 31 vagas de deputados.
A sigla Províncias Unidas, bloco que busca romper a polarização, teve 5% e 5 vagas. Enquanto a Frente de Esquerda conseguiu 3,72% e outras 3 vagas. Assim, dividiram as demais cadeiras entre outras siglas.
Partido de Milei precisava de aliados para enfrentar a oposição peronista. Até hoje, o LLA tinha apenas 37 dos 257 deputados e seis dos 72 senadores.
Dos 24 distritos eleitorais que concorreu, o LLA venceu em 16. Mendoza foi a província onde a sigla venceu com maior porcentagem (53,86%), seguida por Entre Ríos (52,90%), San Luis (51,49%), Chaco (45,70%) e La Rioja (43,86%).
Ministra da Segurança de Milei, Patricia Bullrich, foi eleita senadora pelo LLA. Vale lembrar que o sistema de votação argentino ocorre por listas fechadas, ou seja, os eleitores não votam em um candidato, mas em um partido ou coalização.
Corrida cambial
Uma das surpresas foi a vitória da sigla de Milei na província de Buenos Aires. No mês passado, o partido sofreu uma derrota eleitoral na província, a mais populosa do país, e teve início uma corrida cambial que desvalorizou o peso em 8%.
Com 95,08% dos votos apurados, o partido de Milei tinha conquistado 17 das 35 vagas para a Câmara disponíveis para Buenos Aires. O partido Força Pátria obteve 16, enquanto a Frente de Esquerda e Trabalhadores ficou ficou com duas vagas para a província.
A eleição para renovar o legislativo argentino teve a participação de 67,92% dos eleitores e abstenção de 32,08%. Desde 1983, a participação eleitoral na Argentina tem sido historicamente alta, superando 70% do eleitorado. No entanto, nos últimos anos, observou-se uma tendência de queda.


