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Ao subir os juros básicos do país para 15% ao ano, o Banco Central (BC) voltou a indicar que acompanha o efeito da política fiscal do governo

Queda dos juros passa por ajuste fiscal, dizem economistas

Em comunicado, BC voltou a ressaltar que acompanha efeito das contas públicas na política monetária

Ao subir os juros básicos do país para 15% ao ano, o Banco Central (BC) voltou a indicar que acompanha o efeito da política fiscal do governo na política monetária e nos ativos financeiros.

Em sua missão de controlar a inflação, os diretores da autarquia indicaram que o cenário requer “uma política monetária com patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.

Dentre os fatores que destacam estar pressionando os preços, apontam “a desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado”. “Um hiato do produto mais positivo” e “políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado”.

No cerne destas questões, economistas apontam que está o impacto que as contas públicas têm no trabalho do BC.

“A política monetária está muito muito apertada, e mesmo assim a inflação não cai. A política monetária não está fazendo efeito porque a política fiscal está frouxa”  pondera Alexandre Espírito Santo. Ele é economista-chefe da Way Investimentos e professor de economia do Ibmec-RJ e da ESPM.

Ele afirma que ambos os lados “precisam andar de mãos dadas, de maneira harmoniosa”.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, subiu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, levando-a a 15%, o maior patamar desde maio de 2006.

O Copom deu o ciclo de alta por encerrado, caso o cenário econômico evolua como previsto. Ou seja, mas enfático sobre a necessidade de manter os juros elevados por um tempo “bastante prolongado”.

Expansão do PIB brasileiro

Este foi o sétimo aperto monetário desde setembro de 2024, quando o fiscal já estava no radar do Comitê. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro expandiu 3,4%. Uma aceleração em comparação à alta registrada em 2023, de 3,2%.

Olhando a fundo os componentes do indicador, nota-se como a expansão foi puxada por variáveis ligadas ao impulso fiscal.

O consumo das famílias, apesar de ter reduzido, ainda cresceu acima da média total, com alta de 4,8%.

Enquanto isso, as importações expandiram 14,7%. Estimativas do economista Samuel Pessôa ainda apontam que a demanda interna privada cresceu 5,3% em 2024.

Seu cálculo também indica que o chamado PIB cíclico, que corresponde especificamente às variáveis econômicas empurradas pelo impulso fiscal, subiu 4,4% no ano, responsável por 3,1 pontos percentuais da alta da economia de 2024.

A inflação encerrou o ano passado em 4,83%, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC), enquanto os juros chegaram a 12,25%.

Desde então, os juros aumentaram e, mesmo assim, a alta dos preços registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, atingiu um pico de 5,53% acumulados nos 12 meses até abril. Em maio, o registro foi de 5,32%, o que, apesar da desaceleração, segue acima do teto da meta de inflação perseguida pelo BC. O alvo contínuo é de 3% e possui uma tolerância de 1,5 ponto percentual.
Ao observar essa tendência de os gastos manterem a inflação elevada, o mercado mantém suas expectativas para os preços desancoradas. Quando veem que as despesas não tendem a cair, fator esse que também fica no radar do Copom.